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segunda-feira, 16 de abril de 2012

NOS VEMOS NO KOTEL!: ou quando amigos voltam para casa


Aquele era um dia muito esperado. Foi algo
muito preparado. Afinal de contas, uma decisão
destas não se toma de uma hora para outra. Sair
de perto das pessoas com as quais conviveu por
tanto tempo não seria algo muito fácil. As malas
estavam prontas. As coisas da antiga casa já estavam
encaixotadas. Fazer o que estavam por fazer,
além de ser algo desejado, era como uma obrigação,
uma mitzvah... Mas a despeito de tudo isso,
os pais de Sarah e Abraham estavam apreensivos,
afinal seus filhos iriam se casar, iriam embora.
Seus corações de pais estavam apertados, os olhos
marejados de água. Isso não queria dizer que eles não
estavam contentes. Sim estavam. Mas os sentimentos
eram diversos, concomitantes, e contraditórios.
Sem dúvida estavam ansiosos com possibilidade de ter
netos, e ter seus pais nombrados por seus filhos. Mas
também, não iriam mais conviver com os filhos de
modo tão próximo como estavam acostumados. Os pais
sentiam, antecipadamente, saudade dos filhos.

Conta um midrash que HaShem após a outorga da Torah
ao povo judeu ordenou a construção do mishkan. Os sábios
ao longo dos séculos fizeram uma bela interpretação desta
situação. Ao receberem a Lei, os judeus casaram-se com
a Torah que lhes foi dada por HaShem. Alegoricamente,
HaShem, como sogro, também teria ficado de algum modo
com saudade da Torah, e para apaziguar este sentimento
teria ordenado a construção do tabernáculo, pois este se
tornaria um lugar no qual HaShem poderia ficar um tempo
com sua filha, Torah, e dirimir um pouco a saudade.

Aquele era um dia muito dia esperado. Foi algo muito
preparado. Afinal de contas, uma decisão destas não se
toma de uma hora para outra. Sair de perto das pessoas
com as quais conviveu por tanto tempo não seria algo
muito fácil. As malas estavam prontas. As coisas da antiga
casa já estavam encaixotadas. Fazer o que estavam por fazer,
além de ser algo desejado, era como uma obrigação, uma
mitzvah... Mas a despeito de tudo isso, seus amigos estavam
apreensivos, afinal Marcelo, Andreia e a pequena Laura, iriam
fazer aliah, subir para Israel. Iriam embora, não exatamente
deixando sua casa, mas de fato voltando para casa. Os
corações dos amigos estavam apertados, os olhos de alguns
marejados de água. Isso não queria dizer que eles não estavam
contentes. Sim estavam. Mas os sentimentos eram diversos,
concomitantes, e contraditórios. Sem dúvida estavam ansiosos
com possibilidade de Marcelo, Andreia e a Laura cumprirem a
grande mitsvah que é morar em Israel, que segundo alguns sábios
equivaleria a todas as outras mistvot juntas. Mas também,
não iriam mais conviver com eles de modo tão próximo como
estavam acostumado. Os amigos sentiam, antecipadamente,
saudade da família Rezende.

Alguém poderia perguntar: se tens tanta certeza da grande
da mistvah que é morar em Israel, juntamente com
sentimentos de “falta” em relação aos amigos que para lá sobe,
porque não vais também? Eu não teria uma resposta clara e
direta para a pergunta. Lembraria tão somente de um trecho
do livro “O Cuzari” de Yehudah HaLevi, quando o governante
pergunta para o sábio porque ele a despeito da santidade de
Israel não iria residir lá. Em tom de lástima o sábio
tão somente comentou, “com esta pergunta o senhor
me envergonha”. Por outro lado, esperamos ter escavado
nos corações dos Rezende um pequeno tabernáculo, para onde, tal
como HaShem, possamos, mesmo que de vez enquanto, visitá-los.

Embora muito se diga que saudade é uma palavra que só
existe em português, em conversa com meu moreh Pinchas
ben Abraham verificamos que no hebraico moderno usa-se a
palavra “GAAGU'Á” para espressar saudade. O shoresh, o radical,
deste palavra, é געה. A ideia que estaria implícita as palavras
que se valem deste radical é “tentando por pra fora algo
muito forte que está dentro”. De tal forma, que a palavra berrar
estaria relecionada a este shoresh. A beleza do lashon hakodesh
exprime bem o sentimento que temos em relação a alyah destes amigos.
Sobretudo por não associar a ideia de tristeza, ou perda.
Mas sim, a ideia de que temos sentimentos dentro de nós que
precisa sair. Que como um berro precisa gritado. Não se trata de gritar
tchau, cuidado, ou boa sorte. Mas em plenos pulmões, dizer
em alto e em bom som: “Marcelo, Andreia, e Laura, nós nos
vemos no kotel! Este ano aqui, o que vem em Jerusalem!”.
E se não for no ano que vem, que seja em breve, e se não sejamos
nós que sejam nossos filhos, e se não for nesta vida, que seja em
outra, mas que seja.
Maximiliano Ponte

2 comentários:

  1. Muito sábia sua mensagem,estou muito emocionada na verdade em prantos e faço minha suas palavras.Tenho uma confusão de sentimentos mas sem dúvida alguma estou muito feliz e tenho certeza que lá nos encontraremos.Muito obrigada Max suas palavras aliviam meu coração.

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  2. Meu amigo e irmão Max, singela lembrança a nossa familia amiga que parte para a Mitsva maior de fazer aliah!
    Obrigado! fizeste minhas palavras, suas palavras.

    Mazel Tov a Marcelo, Andreia e Laura!! Leshaná Habaá B'Yerushalin!!!

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