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terça-feira, 18 de outubro de 2011

SUCOT E A LIBERTAÇÃO DE GILAD SHALIT


Depois de um longo e difícil período finalmente
ele volta para casa em Eretez Israel, vindo do
Egito. Muitos acreditaram que isso nunca
aconteceria. E com o fato consumado a única
explicação que se pode dá para o êxito de sua
volta é que D`us lhe protegeu, tanto durante
seu longo cativeiro, como durante seu quase
impossível retorno para casa. É preciso
lembrar que o êxito do retorno foi acompanhado
de perdas e mortes. Por outro lado, com seu
retorno, há algo como um recomeço, pleno de alegria
e esperança.

De quem estamos falando? Do povo judeu e da
festa de Sucot? Ou de um judeu específico e da
libertação de Gilad Shalit? De fato a resposta é
positiva para ambas as perguntas. As semelhanças
entre a saga do povo e a do jovem soldado
judeu-israelense ilustra mais uma vez as intrincadas
e complexas semelhanças que existem entre o destino
do povo e o destino de cada judeu em particular.
Destaca-se por outro lado, que aquilo que se pode
observar são analogias e não homologias, ou seja
semelhanças e não repetições. O rabino Jonathan
Sacks, certa vez comentou que uma das grandes
revoluções que o judaísmo promoveu no mundo,
foi introduzir no universo da relação entre o homem
e D’us a noção de tempo, e por conseqüência
a idéia de história. No judaísmo, diferente de outros
contextos religiosos, não concebe que o homem
encontra-se fadado a ficar preso na repetição cíclica
e sem fim do mito. Assim, podemos fazer analogias,
sem que haja necessariamente homologia entre
passado e futuro. E parece-me que este é o caso entre
Sucot e a libertação de Shalit...

Na abertura do texto apresentei um conjunto de
semelhanças entre as duas situações, embora algumas
distinções possam ser feitas. É bem verdade que o povo
e o soldado saíram do Egito, rumo a Israel. Mas também
é fato inquestionável, que os egípcios de hoje, pelo
menos neste evento, foram participes da libertação
e não algozes do cativeiro. No tempo bíblico, toda uma
geração de judeus morreu no deserto e não
chegou a Israel. No caso da libertação de Gilad, há
algo de morte no ar, na medida em que não se fez
plenamente justiça (pelo menos de um ponto de
vista humano) ao sem número de mortos judeus,
que tiveram suas vidas ceifadas no Estado de Israel
(independente e reconstruído), por indivíduos que
foram libertados pelas autoridades em troca do
jovem soldado. Ademais, dizem os sábios que a saída
do Egito não teria de fato sido completa sem a outorga
da Torá, que é rememorada em Shavuot. A libertação
de Shalit se dá, por outro lado as vésperas de
Simchat Torá, a alegria da Torá, momento no qual se
encerra um ciclo de leitura e se começa tudo
novamente. Ou seja, Simchat Torá associa-se a recomeço,
mas que fique claro não se trata de repetição.

O tolo pode pensar: para que vamos ler tudo novamente?
O sábio tem não apenas a certeza, mas também a esperança
de que poderá no novo ciclo de leituras compreender
aspectos que nunca havia percebido antes, pois reconhece
a limitação do homem e a grandeza do Eterno. O cético pode
pensar: de que vale tudo isso, em breve seqüestrarão e
matarão mais judeus, afinal sempre não foi assim, nós já
não conhecemos esta história? O esperançoso pensa que
sempre o futuro pode mudar, pois entendem que não estamos
presos numa roda do destino. Sabe que D’us interfere na vida
dos homens, e que na parceria com ELE, trilhamos e
construímos o nosso devir. Tem também ciência que nossas ações
e omissões podem acelerar ou retardar a vinda do Mashiach
(que seja breve e em nossos dias), independentemente
do que isso de fato signifique...

Como já comentado, existe uma profunda e
complexa relação entre o tempo, demarcado pelo Luach,
o calendário judaico, e o povo judeu, e cada judeu.
Em Pessach, tudo judeu deve sentir-se como se ele próprio
tivesse saindo do Egito, em Shavuot como se ele estivesse
no Sinai recebendo a Torá. Nos Iamim Noraim, que a
pouco passaram, cada judeu torna-se apreensivo, pois é
julgado por D’us. Em Sucot lembramo-nos da fragilidade
das moradias provisórias em que habitamos quando saímos
do Egito, e, sobretudo que foi a mão de HaShem que
nos guiou e nos protegeu no caminho de volta para
casa, iluminando-nos o céu com colunas de fogo durante
a noite ou protegendo-nos do sol com nuvens durante o dia.
É por tudo isso que penso que em Sucot, ou pelo menos
no chag de Sucot deste ano, todos os judeus deveriam
se sentir, de algum modo como Gilad Shalit ....

Maximiliano Ponte

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