Nesta próxima segunda-feira, dia 03 de
dezembro de 2012,
será o dia 19 de Kislev de 5772, pelo calendário
hebraico.
A partir da segunda-feira faltará
aproximadamente uma semana para o inicio
dos oitos dias de
celebração da festa de Chanukah. Nesta
época, os judeus celebram
a
vitoria dos rebeldes dos Macabeus, contra o poderoso exercito sírio,
cujo rei Antioco havia além de proibir as
praticas judaicas tradicionais
como a circuncisão, a guarda do shabat e o
estudo da Tora, profanou o
Templo
de Jerusalem, por volta do ano 165 da era comum. Na segunda
feira, é possível que judeus enfeitem suas
casas, com bandeirinhas de Israel,
talvez alguns com sevivons, quem sabe alguns
usem letreiros modernos
de “Happy Chanuka”. Caso não tenham
comprado, irão comprar as velas
com as quais irão acender durante oito dias
suas chanukiot (velas de 9 braços,
sendo que cada braço representa um dos dias da
festividade,
e
o central, o shamash, é espécie de vela piloto
usada para acender as demais). Crianças,
por vezes estarão
ansiosas pelos presentes que irão ganhar,
como também pelas moedas
de chocolate que irão comer. Mas no dia
19 de Kislev de 5407 (15 de
dezembro de 1647) eram queimado vivo pela inquisição
portuguesa um
jovem
de mais ou menos 22 ou 23 anos. Ele entrou para história judaica
com o nome de Isaac de Castro, mas tinha
o nome cristão de Tomas Luis
de Castro, e o hebraico de Isaac ben Abraham
de Castro. Isaac era filho
de cristão novos portugueses,
convertidos a força no pais lusitano e
nasceu na França, durante a rota de fuga de
sua família de Portugal
para Holanda. Na Holanda, aos quinze anos
juntamente com o pai retornou
solenemente ao judaísmo, da qual a família só
havia de afastado na
aparência
externa. Veio para o Pernambuco na época de Nassau, talvez
sobre influencia de seu tio materno Moises
Rafael Aguilar que foi
rabino da Kahal Kadosh Maguen Abraham,
sinagoga que rivalizava
a
época com a famosa sinagoga de Recife Tsur Israel. Isaac foi preso
na Bahia, após uma curta vida atribulada e
fracassada enquanto
comerciante. Isaac de Castro passou dois anos
no cárcere da
inquisição,
acusado de praticas de judaísmo, o que era proibido
visto que para igreja ele era católico, por
ter sido batizado. Jovem
inteligente e erudito, “esgrimou”
teologicamente com os inquisidores,
defendendo a fé de Moises. Os inquisidores em vão
tentaram convence-lo
a
abandonar sua fé, no que ele relutou. Foi queimado vivo, cerca de uma
semana antes de Chanukah. Isaac de Castro foi queimado
e tornado uma tocha
humana, e ao se transformar e ao ser transformado
em mártir, em mito,
tornou-se com um shamash, iluminando as esperanças
de judeus de seu tempo,
e
de nossos tempos. Dizem os sabios que realmente somente morre,
aquele que é esquecido. Assim, uma semana
antes de nos lembrar dos
Macabeus, os heróis de Chanukah, nos lembremos,
e Isaac de
Castro, jovem judeu franco-portugues, que
viveu no Brasil e se foi em Kidush
HaShem, na Europa obscurecida pelo manto
da intolerância.
Que sua luz não se pague, e nos ilumine.
Maximiliano Ponte
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