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domingo, 2 de dezembro de 2012

ISAAC DE CASTRO: UM SHAMASH PARA O POVO JUDEU


Nesta próxima segunda-feira, dia 03 de dezembro de 2012,
será o dia 19 de Kislev de 5772, pelo calendário hebraico.
A partir da segunda-feira faltará
aproximadamente uma semana para o inicio dos oitos dias de
celebração da festa de Chanukah. Nesta época, os judeus celebram
 a vitoria dos rebeldes dos Macabeus, contra o poderoso exercito sírio,
 cujo rei Antioco havia além de proibir as praticas judaicas tradicionais
 como a circuncisão, a guarda do shabat e o estudo da Tora, profanou o
 Templo de Jerusalem, por volta do ano 165 da era comum. Na segunda
 feira, é possível que judeus enfeitem suas casas, com bandeirinhas de Israel,
 talvez alguns com sevivons, quem sabe alguns usem letreiros modernos
de “Happy Chanuka”. Caso não tenham comprado, irão comprar as velas
 com as quais irão acender durante oito dias suas chanukiot (velas de 9 braços,
 sendo que cada braço representa um dos dias da festividade,
 e o central, o shamash, é espécie de vela piloto
usada para acender as demais). Crianças, por vezes estarão
ansiosas pelos presentes que irão ganhar, como também pelas moedas
de chocolate que irão comer. Mas no dia 19 de Kislev de 5407 (15 de
 dezembro de 1647) eram queimado vivo pela inquisição portuguesa um
 jovem de mais ou menos 22 ou 23 anos. Ele entrou para história judaica
com o nome de Isaac de Castro, mas tinha o nome cristão de Tomas Luis
de Castro, e o hebraico de Isaac ben Abraham de Castro. Isaac era filho
de cristão novos portugueses, convertidos a força no pais lusitano e
 nasceu na França, durante a rota de fuga de sua família de Portugal
para Holanda. Na Holanda, aos quinze anos juntamente com o pai retornou
 solenemente ao judaísmo, da qual a família só havia de afastado na
 aparência externa. Veio para o Pernambuco na época de Nassau, talvez
 sobre influencia de seu tio materno Moises Rafael Aguilar que foi
rabino da Kahal Kadosh Maguen Abraham, sinagoga que rivalizava
 a época com a famosa sinagoga de Recife Tsur Israel. Isaac foi preso
 na Bahia, após uma curta vida atribulada e fracassada enquanto
 comerciante. Isaac de Castro passou dois anos no cárcere da
 inquisição, acusado de praticas de judaísmo, o que era proibido
 visto que para igreja ele era católico, por ter sido batizado. Jovem
 inteligente e erudito, “esgrimou” teologicamente com os inquisidores,
 defendendo a fé de Moises. Os inquisidores em vão tentaram convence-lo
 a abandonar sua fé, no que ele relutou. Foi queimado vivo, cerca de uma
 semana antes de Chanukah. Isaac de Castro foi queimado e tornado uma tocha
 humana, e ao se transformar e ao ser transformado em mártir, em mito,
 tornou-se com um shamash, iluminando as esperanças de judeus de seu tempo,
 e de nossos tempos. Dizem os sabios que realmente somente morre,
 aquele que é esquecido. Assim, uma semana antes de nos lembrar dos
 Macabeus, os heróis de Chanukah, nos lembremos, e Isaac de
 Castro, jovem judeu franco-portugues, que viveu no Brasil e se foi em Kidush
HaShem, na Europa obscurecida pelo manto da intolerância.
Que sua luz não se pague, e nos ilumine.
Maximiliano Ponte

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