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sexta-feira, 26 de abril de 2013

O “ANJO ACUSADOR” NA PERSPECTIVA JUDAICA

Recentemente, o rabino Jacques Jacques Cukierkon


publicou um vídeo com comentários sobre a

perspectiva judaica sobre o Satanás, dentro de um

projeto “Pergunte ao Rabino” da Comunidade

Judaica Brit Braja. Comentei com ele que

havia alguns pontos complementares sobre o

tema que poderiam ter sido abordados. Deste

modo, o rabino me pediu que eu fizesse esses

comentários. Um ponto de partida que entendo

como importante é a idéia que Satan seria um

anjo. Em hebraico anjo é מלאך (malach) que

significa tanto um ser sagrado, como mensageiro.

Na perspectiva mística do judaísmo, haveria

vários níveis de mundo, alguns abaixo, outros

acima deste que habitamos. E os anjos, seriam,

portanto, de um modo bem simplificado seres

criados por D-us, que seriam mensageiros entre

os diversos mundos. Os anjos também não

seriam seres tão polivalentes como os humanos.

Cada anjo teria um atributo, ou função única,

necessária e imutável. Satan seria um desses

anjos. Aqui é importante destacar que na

perspectiva judaica não temos um mundo

polarizado entre um ser bom e outro mal,

que estariam em eterno duelo. Este visão

dual, própria de algumas outras religiões,

teria possivelmente suas origens no

zoroastrismo, culto religioso que não

influencia a teologia judaica como o

faz com outras religiões. Enquanto HaShem

é criador de tudo o que existe, existiu e

existirá é uniciente, unipresente e totipotente,

os anjos são seres por ele criados, com

missões especificas por Ele determinada.

Assim, o judaísmo não é uma religião dual,

o seu principio fundamental é a unicidade

radical de D-us. E neste sentido, qual seria

a “missão” do anjo Satan? Uma das formas

utilizadas pela tradição judaica para explicar

essa missão é recorrer a uma metáfora, digamos

assim, de um mundo jurídico místico. Neste

mundo, o Satan seria uma espécie de promotor,

sua missão seria explicitar a HaShem os erros

dos homens, nos julgamentos que cada um

de nós passamos ao longo de nossa vida neste

mundo, como também após a nossa morte.

Satan evidencia os erros e pecados, mas foram

os homens, por meio de suas escolhas, por

meio de seu livre arbítrio que cometeram seus

deslizes. Neste contexto, para quem está sendo

julgado Satan teria um caráter negativo,

entretanto aquele que foi vítima do “réu” o

veria de forma positiva. Isto seria ainda

mais uma evidência do caráter limitado, por

não ser único, de Satan, e por sinal de todos

os anjos. A depender de quem o observa,

e a depender da situação, sua avaliação poderia

ser positiva ou negativa. Já D-us é Baruch

Dain Haemet (  ברוך דין האמת  ), Bendito Juiz

da Verdade, criador, organizador e mantenedor

de todo este mundo jurídico. Sempre bom,

até mesmo quando não entendemos suas

decisões e seus desígnios. Único e bom, por

essência, esse é HaShem. Este é um

entendimento essencial para que compreendamos

uma oração básica do judaísmo: Shemah

Israel Adonai Elohenu, Adonai Echad

(שמע ישראל י-ה-ו-ה אלוהינו י-ה-ו-ה אחד ),

mas vamos deixar para aprofundar este

tema noutra ocasiao, quem sabe?

Shabat Shalom

Maximiliano Ponte

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